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maio 03, 2018 -

[RESENHA] O Sol na Cabeça, de Geovani Martins




Sinopse:
Em O sol na cabeça, Geovani Martins narra a infância e a adolescência de garotos para quem às angústias e dificuldades inerentes à idade soma-se a violência de crescer no lado menos favorecido da “Cidade partida”, o Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XXI.Em “Rolézim”, uma turma de adolescentes vai à praia no verão de 2015, quando a PM fluminense, em nome do combate aos arrastões, fazia marcação cerrada aos meninos de favela que pretendessem chegar às areias da Zona Sul. Em “A história do Periquito e do Macaco”, assistimos às mudanças ocorridas na Rocinha após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP. Situado em 2013, quando a maioria da classe média carioca ainda via a iniciativa do secretário de segurança José Beltrame como a panaceia contra todos os males, o conto mostra que, para a população sob o controle da polícia, o segundo “P” da sigla não era exatamente uma realidade. Em “Estação Padre Miguel”, cinco amigos se veem sob a mira dos fuzis dos traficantes locais.
Nesses e nos outros contos, chama a atenção a capacidade narrativa do escritor, pintando com cores vivas personagens e ambientes sem nunca perder o suspense e o foco na ação. Na literatura brasileira contemporânea, que tantas vezes negligencia a trama em favor de supostas experimentações formais, O sol na cabeça surge como uma mais que bem-vinda novidade.


Conheci o Geovani Martins vendo suas entrevistas na televisão e logo me interessei pelo seu livro recentemente lançado que já é um sucesso. Então quando a Companhia das Letras me enviou um exemplar, imediatamente comecei a ler. Já sabia sobre o que o livro se tratava, mas estava curiosa para saber a profundidade do assunto abordado de pessoas e de um cenário muitas vezes julgado e deixado de lado pela sociedade.

O Sol na Cabeça contém 13 contos que contam histórias de pessoas fictícias que moram em favela no Rio de Janeiro. Cada história distinta que se entrelaça ao ser mostrada a desigualdade e a luta de quem vive no morro. A realidade é dada de forma direta, algumas vezes com cenas fortes e a escrita nos leva a pontos importantes como o tráfico de drogas, invasão de UPPs, milícias, corrupção e violência policial. Muitas vezes temos a ideia de como é morar em uma das favelas do Rio de Janeiro por meio das notícias em jornais na televisão, entretanto, ao entrar em contato com a escrita do Geovani, passamos a conhecer uma outra perspectiva que nos mostra a vida de quem vive nas periferias.



Os contos trazem as mais diferentes histórias, desde o pichador até quem comanda a facção dentro da favela e Geovani cruza a linha tênue entre a ficção e a realidade sendo extremamente corajoso ao trazer para literatura a vida de quem nasceu e vive na periferia, de quem é negro e pobre que a sociedade insiste em marginalizar mostrando bastante habilidade ao contar sobre as ruas da favela do Rio de Janeiro. 



A escrita do autor aproxima ainda mais o leitor da história, a linguagem é bem solta, de quem vive no morro e repleta de gíria, o que fez com que eu me sentisse como se estivesse conversando com os personagens. A diagramação do livro é simples, porém caprichada e recomendo muito a leitura para todos. O livro é um grito para voltarmos nossos olhos para essa minoria esmagadora.

4 comentários:

  1. O sol na cabeça é o nosso Sorrisos quebrados, primeiro foi lançado lá fora para depois chegar por aqui.
    Vi o trabalho do Geovani na tv, mas não assisti a entrevista, apenas vi por alto.
    Fiquei surpresa quando vi do que se trata a história, fico feliz que esse livro tenha chegado por aqui.
    Aborda uma realidade dura, pesada e que muitas vezes é pincelada nos noticiários.
    Espero ter a chance de fazer esta leitura.

    Beijos

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  2. Oi Izadora!
    Não conhecia o livro, por se tratar de contos e pelo tema eu curti bastante, achei interessante e se eu conseguir uma oportunidade qro ler e conhecer mais o trabalho do autor.
    Bjs!

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  3. Nossa parece ser muito bom , ainda não conhecia esse autor, mais é sempre bom conhecer gente novas,ainda mais nacional,eu gostei muito da sua dica

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  4. Eu vi sobre o lançamento do livro mas não procurei saber sobre do que se tratava. Vejo que ele retrata bem a realidade e com tudo o que se passa na televisão sobre o Rio fiquei curiosa para ler e conhecer um pouco mais da história.

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