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dezembro 14, 2017 -

[RESENHA] Todos Iguais, Poucos Diferentes, de Morais de Carvalho




Sinopse: Agora, neste preciso momento, esqueça o que está ao seu redor. Pare e sente-se comigo neste banco de jardim. Observe todas estas pessoas que correm, que sobrevivem, que morrem. Sinta o seu cheiro a desespero, veja a sua luta diária para pertencer à sociedade. Repare agora nos pormenores: a vizinha que me acolhe nos seus braços e me vem dizer um «olá», uma mulher que foge de mim por ter medo de se tornar num ser louco como eu e um gato que se esfrega nas minhas pernas. Venha, sente-se comigo no meu banco de jardim e no final poderá decidir se quer ser afinal como todos os outros, levantar-se e ir a correr atrás de todos nós, à procura de coisa nenhuma, ou se por outro lado prefere sentar-se neste banco e caminhar os seus próprios pensamentos. Sente-se, vou contar-lhe a minha estória, a minha loucura.



Um homem, do qual não nos é apresentado o nome durante toda a narração, leva uma vida bastante comum e até mesmo solitária. Vivendo sozinho em um prédio, sua única fiel companhia é Dona Maria, uma senhora que vive também sozinha após a morte do marido e de coração extremamente bondoso.

Esse homem que costumava ter sempre a mesma rotina e do qual observava sempre todos ao seu redor, sem que essas pessoas o observassem, se vê intrigado com uma mulher da qual ele presenciou ser assaltada, algo nela diz que ambos são tão parecidos, mas ele a mal conhece e com isso cria o desejo de saber mais sobre o que se passa na vida daquela mulher, sendo assim, ele acompanha ela sempre secretamente até sua casa, mesmo que ela não o note, mesmo que ela tenha um marido e filhos, o homem tem certeza que essa mulher não é completamente feliz enquanto seu interesse em decifrá-la continua aumentando. Mas o que será que há por traz disso tudo?



Definitivamente o livro Todos Iguais, Poucos Diferentes, da autora Morais de Carvalho, foi a leitura mais diferente que realizei este ano e posso dizer que o livro me agradou. Esse livro não é apenas isso que descrevi, como também vai além e só no final revelamos o que de fato está acontecendo.
Realmente não nos é apresentado os nomes da maioria dos personagens, com exceção da Dona Maria, mas isso não atrapalha durante a leitura.

O homem, nosso protagonista, ora me fez pensar que é completamente um doido, ora me fez questionar se não somos nós quem somos loucos. Mas afinal, o que é ser louco e qual a razão de sermos normais? É um livro com uma carga reflexiva alta, o que foi mais um ponto forte para a história e por vezes depois da leitura fiquei refletindo sobre.



Com uma escrita envolvente, Diana Morais de Carvalho transporta o leitor para dentro das páginas com facilidade abordando temas pertinentes como a relação familiar; quem realmente somos; velhice, dentre outros assuntos, trazendo uma crítica sobre o modo em como vivemos e nossa sociedade.

O livro é escrito no português de Portugal, mas não tive problemas em relação a isso e foi até uma experiência interessante, já que nunca tinha lido um livro de lá. A diagramação da editora Chiado é simples, mas caprichada. É um livro curto de apenas 146 páginas, realizei a leitura em menos de uma semana e é uma história que fluí muito bem. Recomendo para todos, sem exceção, impossível não se prender na história e refletirmos sobre nossa sociedade e nós mesmos. Sem dúvidas é uma leitura muito válida!

Quotes


"Não devemos criticar quando alguém já não quer ver para além da sua janela, em vez disso, devemos entrar em sua casa e juntarmo-nos a ela, do lado de dentro da janela, com uma mão por cima do seu ombro."

"E somos livres enquanto nos chamam loucos, pois é sinal de que não caímos na loucura de nossos tempos."

"Se um meteorito caísse na terra, e tivéssemos de enfrentar um cenário apocalíptico, quem teria a maior probabilidade de sobreviver? Os nossos jovens ou nossos antepassados? Quem nos salvaria: a televisão a cores ou uma flecha para caçar?"

"A nossa superioridade é tão fictícia como a nossa independência ou inteligência."

"A escravatura continua, só que mais sofisticada."

"Se o ser humano não vê, maior é a dificuldade em sentir."

"A fome no mundo não existe, é inverdade, no nosso mundo só existe televisões enormes e um belo donut. E se nós conseguimos ver os sem abrigo, é como se não os víssemos, pois também sofremos de cegueira seletiva." 

8 comentários:

  1. Ah, não sei se essa leitura me agradaria. Não gosto de personagens ocultos, indeterminados; pelo contrário, gosto de saber as características, os detalhes mais profundos.
    Realmente seria uma leitura muito diferente.

    Beijos

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  2. Pela resenha e os quotes pude perceber que o livro possui várias críticas e reflexões. É bem diferente, não saber os nomes dos personagens, dá um toque impessoal ao livro. Mas achei legal a ideia de ser escrito através de um homem que muito observa, certeza que ele tem muito para contar.

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  3. Acho que o diferencial desse livro, é justamente nos fazer refletir com os temas abordados, sem o intuito de nos apegar aos personagens. Talvez essa foi "proposta" da autora.

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  4. Isadora!
    Livro com esse teor, onde podemos questionar não apenas nossa própria sanidade, como a sanidade da sociedade em que vivemos e que aborda vários outros temas como relações familiares, apoio, carinho e ainda escrito de forma poética, embora com visão clara e crua, é sempre bem interessante de se ler, porque podemos refletir sobre nossa própria existência.
    Um final de semana abençoado!
    “Desejo a você e à sua família um Natal de Luz! Abençoado e repleto de alegrias. Boas Festas!” (Priscilla Rodighiero)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!

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  5. Ótima resenha, mas não é do meu estilo!

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  6. Eu até poderia tentar começar essa leitura mas sei que não me agradar eu ia iria acabar desistindo da Leitura logo no começo do livro realmente vou deixar essa sugestão de lado

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  7. Oi, Isadora!
    O livro parece bem diferente de tudo que já li, não sei se é uma estória que leria normalmente, mas quem sabe não posso dar uma chance a esse livro, principalmente por ele ser curto e também gostei dos trechos da estória.
    Bjosss

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  8. Gosto de alguns livros que nos leva a refleti e ate nos ajuda no dia a dia. Sendo um livro que flui bem a leitura, me agradaria muito ler esse livro.

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