[RESENHA] A PRINCESA SALVA A SI MESMA NESTE LIVRO, de Amanda Lovelace

Sinopse: Amor e empoderamento em versos que levam os contos de fada à realidade feminina do século XXI A princesa salva a si mesma neste livro, de Amanda Lovelace, é comparado ao fenômeno editorial Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur, com o qual compartilha a linguagem direta, em forma de poesia, e a temática contemporânea. É um livro sobre resiliência e, sobretudo, sobre a possibilidade de escrevermos nossos próprios finais felizes. Não à toa A princesa salva a si mesma neste livro ganhou o prêmio Goodreads Choice Award, de melhor leitura do ano, escolha do público. Esta é uma obra sobre amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento e inspiração. Dividido em quatro partes ("A princesa", "A donzela", "A rainha" e "Você"), o livro combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do século XXI com delicadeza, emoção e contundência. Amanda, aclamada como uma das principais vozes de sua geração, constrói uma narrativa poética de tons íntimos e cotidianos que acolhe o leitor a cada verso, tornando-o cúmplice e participante do que está sendo dito.

A princesa salva a si mesma neste livro me conquistou desde o spoiler na capa até os avisos antes do início da leitura, e a forma como ele é narrado. Um livro cheio de intrigas e, de tão verdadeiro, você sente as emoções a flor da pele no fundo da sua alma. 

Por se tratar de um livro de poemas, eu particularmente adorei, pelo fato de também escrever poemas, e pude sentir na fala do eu lírico tudo o que ela passou para chegar até onde está hoje. 
Durante toda a narrativa o eu lírico categorizou em quatro etapas a evolução da história, e nota-se que essa evolução trouxe grande aprendizado para a personagem. 

Na primeira etapa, "A princesa", você conhece o eu lírico em sua transação da infância para adolescência, com toda aquela inocência e fantasia que se tem quando estamos começando a caminhar na vida, sendo uma louca por livros e que adora escrever em times new roman 12, a princesa vive em seu próprio mundinho e isso não é um problema para ela, e você entende suas conturbações rotineiras e pensamentos conflitantes, até que ela começa a crescer e se preocupar consigo mesma fisicamente falando e ter umas reflexões mais profunda sobre quem é. O drama adolescente narra tanto as amizades perdidas, quanto sua própria aceitação com quem é de verdade, até os conflitos em casa, que é no momento em que ela se tranca na torre de si mesma. 

A segunda etapa é categorizada como "A donzela"  mostra de forma bastante objetiva os seus dramas amorosos e decepções nas paixonites da vida, vemos que ela já está adolescente e começa a ver o mundo com outros olhos, um olhar mais apaixonado e decepcionado ao mesmo tempo. Sentia-se como se não estivesse pronta para o amor e duvidava sobre os amores que os outros tinham por ela, por causa do desencanto que teve com alguém na vida, até que descobre problemas mais urgentes na família que requer toda sua força para suportar, o câncer da mãe. Neste momento muda-se a forma de contar os fatos, ela não duvida mais dos seus sentimentos, e sim da sua força para aguentar todos os acontecimentos vividos e das descobertas. Ela é mesmo forte para aguentar a mãe esquecendo seu nome, ou quem ela é? Ela é forte para aguentar todos os acontecimentos da vida? Tudo isso o eu lírico narra  com tanta intensidade que você começa a suspirar e refletir sobre sua vida costumeira que nem percebe que precisa de reflexão.

Na terceira etapa denominada "A rainha" já vemos uma maturidade antes não demonstrada ali pelo eu lírico, e então ela finalmente sai da torre de si mesma para encarar o mundo e começar a construir seu verdadeiro eu e superar tudo o que teve que enfrentar para chegar até ali. Vemos que ainda é jovem e tenta conhecer melhor seu pai que vê todos os dias, e também uma leve turbulência em suas amizades que se desfizeram por mentiras de si mesma e meias verdades dos outros, ela começa a crescer pessoalmente e encarar as consequências de seus atos, porém também vê-se sua fortaleza que não aceita mais migalhas dos outros. Até que ela finalmente encontra o amor. 

A última parte "Você" é como um lembrete de que o livro é dela, mas a lição fica para você, o leitor, e faz você ter uma reflexão do dia a dia, das coisas rotineiras e sobre como nossa geração é tratada. Vemos que ela encontrou uma forma de perdoar a si mesma e quer que todas as outras pessoas que se sentem da mesma forma, encontrem também uma forma de se perdoar e saber que não tem culpa, trazendo a tona a indiferença das pessoas no dia a dia ou a cultura do estupro, por exemplo.

O livro todo é de grande aprendizado e de se colocar no seu lugar, não só aqueles que se sentem numa crise existencial, mas também para aqueles que se colocam num pedestal e estão confortáveis demais para encontrar uma maneira de sair. 

É uma história de leitura rápida e intensa, que mostra que o verdadeiro herói da sua história é si mesmo. Faz vários questionamentos a sociedade atual e a forma como nos reportamos ao próximo ou o que aceitamos deles. Vale a pena a leitura e interpretar a sua maneira cada palavra do que foi escrito, porque, como diz o aviso II: "Final feliz à frente"!

E, caso tenham interesse na leitura, vocês ainda tem tempo de participar do top comentarista desse mês que dará este incrível livro e uma plaquinha decorativa!