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outubro 26, 2017 -

[RESENHA] Lembra Aquela Vez, de Adam Silvera





Sinopse:
Finalista na categoria romance juvenil do Prêmio Lambda, o mais tradicional do segmento de literatura LGBT do mundo, e celebrado por veículos como The New York Times (“lindo romance de estreia”) e Chicago Tribune (“comovente”), entre outros, Lembra aquela vez conta a história de um garoto do Bronx (re)descobrindo sua sexualidade.
Aos 16 anos, Aaron carrega no pulso uma cicatriz que registra a dor pelo suicídio do pai, mas, com o apoio da mãe e da namorada, Genevieve, está determinado a seguir em frente. Quando a garota viaja para um acampamento, porém, Aaron se aproxima de Thomas, e acaba encontrando nele mais do que um melhor amigo. Confuso, Aaron considera recorrer ao LETEO, um instituto que realiza procedimentos científicos para apagar memórias indesejáveis, na tentativa de esquecer lembranças ruins e, principalmente, quem ele é. Mas será possível encontrar a felicidade fugindo de si mesmo? Com uma narrativa pungente e sincera, Adam Silvera fala sobre bullying, homofobia, medo, incertezas, ética, amizade, amor, aceitação e a procura pela felicidade.

Livro recebido em parceria com a editora Rocco.

Panfletos do instituto Leteo estão espalhados para todos os lados e seus procedimentos estão ganhando sucesso e reconhecimento em todo o mundo. Quem não iria querer esquecer um acontecimento indesejado? A perda de um ente querido? Um trauma do passado? E isso está sendo possível graças ao Leteo, o instituto promete apagar do seu cérebro as memórias que você deseja que não lhe fazem bem e deixar sua vida nova sem aquele momento triste que você lembra. Aaron demorou um pouco para se convencer de que o procedimento fosse cem por cento verdade, mas não há como ter mais dúvidas depois que um de seus amigos passou pelo Leteo.



Aaron é um adolescente de 17 anos, vive com a mãe, Elsie, e o irmão Eric, no Bronx. De família simples, Aaron sabe a diferença entre querer uma coisa e precisar de alguma coisa e apesar de nunca ter faltado nada, sua família não tem tantas condições. Sua vida ficou marcada após encontrar seu pai morto na banheira da casa onde eles moravam. Uma cena que Aaron nunca vai esquecer e da qual o faz pensar em qual motivo levou o pai a cometer suicídio e ter deixado a família. Os dias estão sendo difíceis, mas Aaron ainda tem pessoas boas ao seu lado da qual ele pode contar – pelo menos é o que parece. Como sua namorada, Genevieve, que sempre esteve ao seu lado e o ama incondicionalmente. Também tem seus amigos do conjunto habitacional onde mora e sua mãe, que apesar de triste pela perda do marido, faz o que pode para não faltar nada para Aaron e Eric.

Aaron estava tentando seguir sua vida da melhor forma possível, no que imaginava ser o caminho certo com sua namorada, Gen. Ele a amava e isso era certo para ele e para todos. Até que em meio a um jogo de perseguição que Aaron faz junto com seus amigos na vizinhança, ele acaba conhecendo Thomas, um garoto que acabou de terminar com a namorada e está em busca de se encontrar, uma missão um pouco difícil já que ele é bastante inconstante.



Aaron e Thomas se aproximam e viram amigos, mas algo a mais começa acontecer e sentimentos que Aaron nunca teve, nem com Genevieve, surgem o que deixa claro para seus amigos que ele é gay. Dispostos a darem uma lição em Aaron para ele "voltar a ser hetero", seus amigos se juntam e dão uma surra nele, mas algo inesperado acontece: Aaron começa a se lembrar de acontecimentos do seu passado, do qual não recordava ter vivenciado, como por exemplo, quem ele realmente é e o motivo pelo qual levou seu pai a se matar. Seu passado o atinge em cheio e tudo o que ele quer fazer novamente é esquecer. Será que Aaron já passou por um procedimento do Leteo para apagar suas memórias? E ele está disposto novamente a esquecer quem ele é para se tornar a pessoas que os outros querem que ele seja?

O que dizer desse livro que me deixou arrasada e recebi vários tapas na cara enquanto lia? Lembra Aquela Vez não é apenas um livro com a temática LGBT, é um livro que te toca profundamente e te faz refletir sobre nossas dificuldades, quem somos e que fugir dos nossos problemas, nem sempre é a melhor solução. Aaron sempre foi gay, não é algo que se pode mudar ou simplesmente apertar um controle para desligar e voltar a ser hetero, mas ele tem uma grande dificuldade em se aceitar porque não é muito fácil ser gay com um pai e amigos homofóbicos e por isso ele faz de tudo para se convencer de que é hetero, mas não é tão simples assim, apesar do Leteo apresentar uma ótima solução.



Com esse livro, podemos refletir bastante a questão da cura gay, assunto muito discutido recentemente aqui no Brasil e o próprio protagonista acha que se esquecendo de que é gay, ele realmente pode ser hetero, mas eis uma novidade: não se cura homossexualidade porque ela não é uma doença. Comparar o procedimento que Aaron quer fazer, com o da cura gay aqui no Brasil, é uma aproximação de casos do qual a ficção remete realidade e se misturam, nos mostrando quão dura e cruel ela é. Mas para o protagonista, sua vida é complicada o bastante para se assumir para todos.

O livro conta com personagens cativantes como Genevieve, a namorada de Aaron e a mãe dele, duas pessoas que o amam muito. Gen gosta de pintar, mas suas obras sempre acabam ficando inacabadas, mas nem por isso ela desiste. Sempre esteve ao lado de Aaron e na minha opinião, ela é boa demais para ele, tendo em vista das coisas que ele já aprontou com ela. Sem dúvidas ela é uma daquelas personagens que torci pela felicidade até o fim.



Temos destaque para os amigos da vizinhança de Aaron e como é a relação entre eles e alguns que são mais barra pesada de se meterem. Há alguns palavrões no livro e uma linguagem descontraída em diálogos entre os amigos. O autor escreveu com maestria esse romance que nos mostra que não há como fugir de quem somos e a lição que podemos tirar da leitura é maravilhosa.

Quero deixar uma reflexão para vocês aqui: Vocês prefeririam esquecer seus momentos difíceis, caso houvesse um jeito de deletar memórias indesejadas, ou enfrentariam as  dificuldades para reconhecer a felicidade quando a encontrar?

4 comentários:

  1. Uau! Não li muitos livros com essa temática, mas acho que é muito necessário. Ainda mais nos dias de hoje.
    Acho bacana que esse tema esteja ganhando espaço na literatura, e espero que possa ajudar muitos jovens a se encontrar.
    Interessante essa questão da Leteo e das memórias de Aaron; diria que ele passou por esse procedimento e o efeito está acabando.
    Às vezes acho que seria bom esquecer, ainda mais quando nos lembramos de mais... Mas com isso perderiamos as boas lembranças, porque são todas entrelaçadas. Boas e não tão boas. E deixaríamos de aprender muita coisa, de evoluir... porque é através dos momentos difíceis que crescemos.
    Gostei da resenha, e de conhecer um pouquinho mais sobre este livro.
    A capa está muito bacana.

    Beijos

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  2. Achei a premissa desse livro muito interessante e gostei de saber que recomenda a leitura. Certamente me faria refletir muito todastodas essas questões citadas na resenha. Espero ter a oportunidade de lê-lo algum dia.
    Bjos.

    Mariana Ribeiro.

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  3. Isadora!
    Tenho gostado muito de ver os livros com temática LGBT e esse aborda o tema de uma forma diferenciada, incluindo um pouco de ficção, mas principalmente mostrando que o protagonista prefere não ter suas memórias de volta, o que o mostra um tanto vulnerável a quem realmente ele é.
    E o melhor é que as personagens são bem contruídas.
    Gostei muito e quero ler!
    Desejo um maravilhoso e florido final de semana!
    “Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, é preciso que eu passe pelo outro.” (Jean-Paul Sartre)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  4. Esse livro é lindo, Rapha. Faz algumas horas que terminei ele e ainda continuo pensando no Aaron. Espero que ele esteja bem! Livros com pegada lgbt sempre me chamam a atenção e esse livro super incrivel.

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