[FILME] Que Horas Ela Volta?

Título: Que Horas Ela Volta?
Direção: Anna Muylaert
Duração: 114 minutos
Lançamento: 2015
Gênero: drama

Sinopse:
A pernambucana Val se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino vai prestar vestibular, Jéssica lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.

Decidi assistir ao filme com expectativas bem altas, e ele conseguiu se manter a altura. A história de Val, pernambucana que se muda pra São Paulo em busca de uma vida melhor pra sua filha Jéssica encanta com sua simplicidade e crítica à nossa sociedade atual.

Val passou 10 anos longe da filha, até que um dia Jéssica decide prestar vestibular em São Paulo e vai morar com sua mãe, no quartinho dos fundos dos patrões. Quando chega lá, é tratada como se fosse da família, chegando até a ficar no quarto de hóspedes. O distanciamento entre mãe e filha é evidente em várias cenas, mas principalmente por Jéssica chamá-la de Val, e não de mãe.

O filme é bem simples, não há um mistério a ser revelado, não há suspense na história, é apenas um relato sobre o cotidiano que é contado com suavidade e genialidade e consegue nos prender.

Embora, em um primeiro plano, os patrões de Val terem acolhido de prontidão a estadia de Jéssica, os mesmos começam a achar ruim os modos da menina, que é bem diferente de sua mãe. Val é submissa, simpática; já Jéssica é um espírito livre, não se acha melhor ou pior do que ninguém, e também não vê problemas em não poder entrar na piscina dos patrões de sua mãe, ou de sentar a mesa e tomar o café da manhã.

O filme retrata a realidade do Brasil em vários aspectos, aspectos esses que estão enraizados em nossa cultura de colonizados. "Da porta da cozinha pra lá". Esse filme de diálogos simples porém inteligentes mexeu profundamente comigo. Jéssica é uma personagem forte, não abaixa a cabeça como a mãe teve que fazer a vida toda. E Regina Casé simplesmente brilhou, como sempre. É um filme bem forte, recomendo a todos.

"Quando eles oferecem uma coisa deles, é por educação, é porque têm certeza que a gente vai dizer não." 

Trailer: